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ISTOÉ
Eleições 2010
| N° Edição: 2137 | 22.Out.10 - 21:00 | Atualizado em 23.Out.10 - 23:52
O Brasil acelera
O PIB é revisto para cima e uma enxurrada de investimentos dá o tom de uma fase de expansão inédita no País. Quais as condições dadas pelos dois candidatos para que esse ciclo não pare?
Amauri Segalla e Adriana Nicacio

R$ 100 BILHÕES
é quanto o brasileiro vai gastar no Natal de 2010, Para atender à demanda,
shoppings como o Pátio Higienópolis antecipam decoração e promoções


Até o fim do ano, o valor que a população vai gastar na compra de bens de consumo chegará a R$ 2,2 trilhões, uma disparada de 22% ante 2009. Não à toa, o varejo espera para dezembro o melhor Natal da história. No período, o comércio deve movimentar R$ 100 bilhões, o que vai exigir um aumento de 60% na compra de insumos e produtos importados para atender à brutal alta da demanda. Dados superlativos como esses fizeram com que o Brasil deixasse de exercer um papel coadjuvante no palco econômico global. Hoje, o País é uma potência planetária, capaz de influenciar no jogo de forças entre as nações. “O Brasil passou para a liderança do crescimento mundial”, disse à ISTOÉ o ministro da Fazenda, Guido Mantega (leia entrevista).


R$ 100 BILHÕES
é quanto o brasileiro vai gastar no Natal de 2010, Para atender à demanda,
shoppings como o Pátio Higienópolis antecipam decoração e promoções

“A General Motors vai investir R$ 2 bilhões no Brasil em 2011”
Jaime Ardila, presidente da GM para a América do Sul

Com a estabilidade associada ao aumento da renda e à oferta abundante do crédito, o País deu novo fôlego ao seu mercado interno. Em poucos lugares do mundo a aviação cresce como no Brasil, em torno de 30% ao ano.
Detalhe: na Europa, as maiores empresas do setor enfrentam uma crise sem precedentes e nos Estados Unidos espera-se um aumento inferior a 5% na venda de passagens em 2010.
O mercado brasileiro é tão forte que a americana Boeing, em parceria com a Gol, decidiu instalar em Belo Horizonte seu centro de tecnologia e manutenção de aeronaves para todas as companhias da América Latina.

30%
é quanto deve crescer o mercado aéreo brasileiro em 2010,
marca não repetida por nenhum outro país
O interessante é que o mercado nacional não se destaca apenas no volume de vendas, mas também na qualidade do que é fabricado por aqui. Montadoras como General Motors e Fiat fizeram do Brasil uma plataforma mundial de desenvolvimento de produtos, que são inteiramente concebidos em território brasileiro para depois serem levados para a Europa e os Estados Unidos.
Essa nova fase da indústria exige intensos aportes financeiros. Juntas, as principais fabricantes de carros instaladas no Brasil vão desembolsar cerca de R$ 20 bilhões nos próximos cinco anos no País, dinheiro que será revertido principalmente na ampliação e manutenção das plantas industriais. “Apenas em 2011 vamos investir R$ 2 bilhões no Brasil”, diz Jaime Ardila, presidente da GM para a América do Sul.


“O Brasil lidera o crescimento mundial”
Em entrevista exclusiva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
diz que o Brasil serve de exemplo até para os Estados Unidos
diz que o Brasil serve de exemplo até para os Estados Unidos
Por Octávio Costa e Adriana Nicacio

“A economia mundial vai crescer graças aos emergentes”
ISTOÉ – O Brasil é exceção no mundo em crise?
Guido Mantega – A América Latina é destaque na economia mundial, com o Brasil irradiando o crescimento para a Argentina, o Uruguai e outros países. Nós estamos importando de nossos vizinhos e estamos estimulando essas economias. Éramos o patinho feio. Ficávamos atrás dos emergentes, porque éramos o país da promessa. No semestre, nós crescemos 8,9%, a segunda maior evolução entre os países do G-20, atrás apenas da China. A economia mundial vai crescer 4,5% graças aos países emergentes chamados dinâmicos.
Guido Mantega – A América Latina é destaque na economia mundial, com o Brasil irradiando o crescimento para a Argentina, o Uruguai e outros países. Nós estamos importando de nossos vizinhos e estamos estimulando essas economias. Éramos o patinho feio. Ficávamos atrás dos emergentes, porque éramos o país da promessa. No semestre, nós crescemos 8,9%, a segunda maior evolução entre os países do G-20, atrás apenas da China. A economia mundial vai crescer 4,5% graças aos países emergentes chamados dinâmicos.
ISTOÉ – O Nobel Paul Krugman insiste para que os EUA tomem medidas de estímulo ao crescimento, como o Brasil. Há espaço para isso?
Mantega – Eu acho. Numa reunião do FMI, há duas semanas, eu falei para o Ben Bernanke, do FED, e o Timothy Geithner (secretário do Tesouro) que só a política monetária expansionista não resolve, porque a economia americana está apática. Não adianta colocar crédito. Se não há mercado, o empresário não toma o crédito. Eles baixam a taxa de juros, que está quase zero, o crédito fica empoçado e os investidores vêm para o Brasil. Lá eles ganham 0,36% por ano. Aqui, no mínimo, 10,75%. Os EUA têm que estimular a demanda como nós fizemos no Brasil.
ISTOÉ – Qual é a receita de crescimento do Brasil?
Mantega – O papel do Estado é muito importante. Temos que baratear o custo do financiamento. Nós fizemos várias leis, como a do crédito consignado, que facilita o acesso para o trabalhador. A alienação fiduciária também é importante, pois sem ela não haveria financiamento de automóvel. Aperfeiçoamos o setor de construção e estamos mantendo a isenção do IPI para material de construção, sem falar na política de desoneração do investimento, do consumo e da cesta básica. Aumentamos o investimento em infraestrutura. Foi fundamental a expansão do mercado interno. Crescemos com geração de emprego e investimos em agricultura familiar. O País era insignificante e hoje figura entre os líderes do crescimento mundial.
ISTOÉ – Qual foi o papel do mercado interno no crescimento?
Mantega – Sem dúvida, o Brasil é um dos poucos países onde há ascensão dos mais pobres. Criamos um mercado consumidor forte, com redução das classes mais baixas e aumento das classes C, B e A. É uma política que diminui o conflito social, porque o governo não está tirando do rico e dando para o pobre. Dá melhores condições para todas as classes. Em 2003, as classes A e B eram formadas por 13 milhões de pessoas. Em 2010, o total de brasileiros nessa faixa de renda pulou para 31 milhões. Nesse mesmo período, a população da classe C subiu de 66 milhões para 104 milhões. É impressionante. Mais de 50 milhões de pessoas subiram de classe social.
ISTOÉ – Como se explica a ascensão social?
Mantega – Colocamos o equivalente a uma França inteira em novos patamares de consumo. O que não conseguiríamos só com programas sociais nem com transferência de renda. Vocês sabem o que são 50 milhões de pessoas? A ordem é assim. Vem em primeiro lugar a criação de empregos. O Brasil já é, por exemplo, o segundo maior mercado da Nestlé. E começa a ser o segundo maior, o terceiro maior para uma série de empresas estrangeiras. A pesquisa do comércio varejista de agosto mostra um crescimento no mês de 2%. Se anualizarmos, haverá um crescimento de 24% no varejo. São números maiores do que os da China.
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